segunda-feira, 1 de abril de 2013

Encontros num Sábado de Aleluia

Neste Sábado de Aleluia fiz algo inusitado: saí de Campinas, da casa de minha sogra, para passear em São Paulo, cidade onde resido atualmente. Parecia um turista entusiasmado. Talvez a sensação de parecer um visitante foi realçada pelo fato de que desta vez decidi ir de carona, deixando de lado o velho hábito de utilizar a Viação Cometa para viajar.


Consegui a carona por meio do site Unicaronas no qual sou inscrito desde o ano passado. O site consiste em facilitar a comunicação entre pessoas que estão procurando caronas com aquelas que estão oferecendo. Foi idealizado para ajudar estudantes que viajam constantemente, mas hoje já aprova a inscrição de outras pessoas desde que sejam indicadas por membros da comunidade.

Eu tive interesse de utilizar novamente o Unicaronas porque na semana que antecedeu o Sábado de Aleluia, fui tomado por um sentimento de querer conhecer pessoas novas. Pegar caronas, nesse sentido, sempre é uma oportunidade. 

Em São Paulo, tinha um roteiro: conhecer o Parque da Água Branca; almoçar no SESC Pompeia; depois fazer um passeio com uma galera do Pedal Verde, coletivo de intervenção ambiental urbana, e do Rios e Ruas, pessoas engajadas em promover o reconhecimento da natureza presente na cidade.

Como o objetivo principal do sábado era encontrar pessoas (e a carona era parte da proposta), tive a oportunidade de conhecer no Parque Água Branca o seo Antônio. 

Seo Antônio me confessou que estava se sentindo muito solitário nos últimos meses. Havia perdido recentemente a esposa e seus filhos não tinham o hábito de visitá-lo. Senti que foi a primeira vez que teve a oportunidade de falar um pouco sobre sua dor. Em nossas conversas, chegamos a conclusão de que a solidão é também falta de iniciativa pessoal no sentido de se abrir ou ir a procura do outro.

No final, levei seo Antônio para assistir uma apresentação de Maculelê. Quando nos despedimos, ficou claro para mim e para ele que nosso encontro fortuito havia nos transformado de alguma forma.

Por que ficar cada um no seu quadrado?

Abaixo, fotos do Parque Água Branca:




Vale também reencontrar pessoas conhecidas, ainda mais se você não as vê faz um bom tempo e as encontra assim do nada. Foi o que aconteceu no almoço no SESC Pompeia. Reencontrei um casal de amigos lá de Londrina, da minha época de faculdade. Foram eles que me deram carona até a horta comunitária onde me encontrei com a galera do Pedal Verde e do Rios e Ruas.

Com o Rios e Ruas ampliei minha percepção sobre o espaço urbano. Muito mais que as informações compartilhadas sobre os rios e córregos ocultos em São Paulo, o melhor do encontro foi iniciar uma relação afetiva com a cidade. Fui tocado quando José Bueno disse que rios foram aprisionados e não fizeram nada de errado para estarem nessa condição. Foi a primeira vez que realmente enxerguei ou senti um rio também como um ente de direito. Ficou claro para mim isso. Reverberou no meu corpo tal injustiça. E uma vontade: pensar em outro modelo de ocupação urbana; mesmo em SP onde tudo parece estar perdido ou irreversível.

Desejo também ouvir os rios e córregos da cidade de SP. Eles têm muito a dizer e você só ouve se reconhecê-los, imaginá-los por debaixo do concreto.


Fotos do passeio Pedal Verde/Rios e Ruas ao Córrego Água Preta:


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